A Polícia Federal revelou novos elementos na investigação que apura a possível participação do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, em um esquema de manipulação de resultados ligados a apostas esportivas. As mensagens, divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, mostram conversas entre o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior — já indiciado —, e os pais dos dois.
Nos diálogos, os pais de Bruno Henrique não aparecem diretamente ligados às apostas, mas demonstram conhecimento sobre o esquema. A mãe, por exemplo, indaga o filho sobre novas possibilidades de aposta, mencionando a chance de o atacante receber um cartão amarelo. O pai, em outro trecho, chega a perguntar se o filho “ganhou uns 5 mil” após um jogo do Brasileirão de 2023 contra o Santos. Wander responde: “foram 4”.
A investigação também revelou que o irmão utilizava dados de terceiros para registrar novas contas em sites de apostas, além de enviar boletos à mãe, que se encarregava dos pagamentos. Em uma das mensagens, Wander compartilha CPFs e datas de nascimento para abrir perfis em outras plataformas.
A esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima, também foi indiciada. Segundo a PF, ela teria participado das movimentações financeiras do grupo. Uma conversa aponta que sua conta bancária era usada para receber quantias oriundas das apostas, ainda que operada por seu marido.
Conversas com o jogador
O nome de Bruno Henrique aparece diretamente em trocas de mensagens com o irmão. Em agosto de 2023, Wander pergunta se o atacante está com dois cartões no Campeonato Brasileiro. O jogador confirma e afirma que planejava tomar o terceiro contra o Santos, no dia 29 de outubro. “Não vou reclamar”, escreveu o atleta.
Em outra troca, dias antes do jogo, Bruno Henrique questiona se o irmão consegue transferir R$ 10 mil via Pix. Wander confirma e envia o CPF. O atacante se mostra preocupado: “Temos nomes iguais. Vai dar ruim”. O irmão tranquiliza, mas o jogador desconversa e diz que “é parada de cavalo”.
A PF divide a apuração em dois núcleos: o familiar, que teria acesso direto ao jogador, e o grupo de amigos e apostadores ligados a Wander. Neste grupo, mensagens mostram reclamações pela demora do árbitro em aplicar o cartão durante a partida entre Flamengo e Santos.
Próximos passos
Com o avanço das investigações, o relatório da Polícia Federal será enviado ao Ministério Público do Distrito Federal, que pode apresentar denúncia à Justiça. Bruno Henrique ainda não foi formalmente acusado, mas segue sendo alvo das apurações.
O Flamengo não se pronunciou oficialmente sobre o conteúdo divulgado neste fim de semana. A defesa do jogador nega qualquer envolvimento em manipulação de resultados.


