Poucos lembram quem fez o gol do Maracanazo, mas quase todos sabem quem era o goleiro do Brasil naquele trágico 16 de julho de 1950. Barbosa. Mais do que um jogador, ele se tornou, injustamente, o símbolo da maior derrota do futebol brasileiro. Embora tenha feito o que pôde em campo, acabou condenado pela nação. Desde então, sua vida seguiu marcada pelo preconceito e pelo abandono.
Depois daquela final contra o Uruguai, disputada no Maracanã diante de 200 mil torcedores, Barbosa deixou de ser visto como um atleta de elite. Aos poucos, perdeu espaço, convites e até o direito à dignidade. Em um país apaixonado por futebol, ele se transformou no bode expiatório de um fracasso coletivo. Como se isso não bastasse, em 1993, foi impedido de visitar a Seleção Brasileira, sob a alegação absurda de que traria má sorte.
Com o passar dos anos, Barbosa viu sua imagem ser ofuscada pelo esquecimento e por uma culpa que jamais lhe pertenceu. Mesmo vivendo discretamente, ainda assim era lembrado nos piores contextos. Sua história, portanto, é um lembrete doloroso de como o esporte, muitas vezes, pode ser cruel. A injustiça foi tanta que, perto do fim da vida, ele desabafou: “A pena máxima no Brasil é de 30 anos. Eu pago há mais de 40 por algo que nem foi culpa minha”.
Apesar de todos os títulos que o Brasil conquistou depois, a mancha do Maracanazo nunca se apagou — mas Barbosa pagou sozinho por ela. Em vez de ser acolhido e lembrado como um dos grandes nomes do futebol nacional, morreu pobre, esquecido e injustiçado. O Brasil perdeu a taça em 1950. Barbosa, por sua vez, perdeu a paz — e com ela, perdeu a chance de ser verdadeiramente lembrado pelo que foi: um grande goleiro.
Essa foi uma das maiores injustiças esportiva cometidas contra um ser humano no Brasil.
Fotos abaixo: Instagram/desarmandofc



